quarta-feira, dezembro 29, 2010

Viva Dona Canô!


Viva Canô!
Upload feito originalmente por Edmilson_Silva



Parabéns, Oxum!

Quando Mãe Menininha (Maria Escolástica da Conceição Nazaré) do Gantois morreu, em 13 de agosto de 1986, a Bahia ficou triste, com razão, porque a Santa Terrinha passava a ficar sem a Oxum viva, de carne e osso, perdão, bondade, compreensão e senhora conselheira. Oxum é a orixá do Panteão Iorubá, rainha das águas doces, rainha da beleza, da leveza, da bondade, paciência e sapiência.
Naquela ocasião, o Gantois calou, a Bahia chorou e o Brasil sentiu a partida da mais famosa Ialorixá do País.
A meu jeito, naquele momento, filho da Bahia que sou, pensei com os meus botões: outras Oxuns vivas vivem Bahia afora, embora estivessem fora da mídia. e uma delas, com a fama merecida vive em Santo Amaro da Purificação e acaba de completar um século de vida hoje, 16 de setembro de 2007. O nome dessa Oxum é Claudionor Vianna Teles Veloso, Dona Canô, ou Canôzinha, como é tratada na intimidade - olha ela aí (no centro da foto), à frente da Lavagem de Nossa Senhora da Purificação, em janeiro do ano passado.
Tenho certeza que além das missas de sábado e do domingo últimos na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Purificação, nos terreiros de candomblé do Dois de Julho, da Entrada da Pedra, do Sinimbu, da Caixa D'Água, do Sacramento, bairros de Santo Amaro de onde saem as baianas que embelezam e dão vitalidade ao cortejo da Lavagem da Purificação, houve toque, o couro virou, em homenagem à Oxum que sucedeu Mãe Menininha do Gantois. As filhas e filhos de santo cantaram e dançaram em homenagem à Oxum Canô. Católica ao extremo, mas receptiva às coisas do mundo, respeitosa da diversidade, essa senhorinha culta que colocou no mundo Caetano e Bethânia e Mabel (esta, doce poeta), no fundo, no fundo, sabe que é Oxum. Entretanto, por modéstia - virtude que apenas os sábios não se orgulham de ser dela portadores - Dona Canô argumentará que não passa de mera mortal, mesmo sabendo ser imortal.
Se estivesse em Santo Amaro no último domingo, Dona Canô, gostaria de lhe dar apenas um presente: um pente esculpido com os ventos que ondulam os canaviais do nosso Recôncavo, um espelho feito com a flor d'água da nascente da Cachoeira da Vitória; entretanto, só não levaria um só seixo, pois sei que a senhora, por educação, o aceitaria de bom grado, embora não concordasse com o desfalque do leito da fonte.
E o governador da Bahia, Jacques Wagner, bem que poderia lhe dar um presente pelo qual a senhora tanto tem lutado: a despoluição do Rio Subaé, que corta a nossa Leal e Benemérita cidade. A Baía de Todos os Santos ia ficar muito feliz com a oferta.
Parabéns por sua doçura.
Ora, Iê, Iê, Ô, Dona Canô!: a senhora é a Oxum sucessora da Mãe Menininha do Gantois. E todos nós brasileiros, principalmente os baianos, em especial os santamarenses, lhe somos gratos por isso, Nossa Rainha.