quinta-feira, fevereiro 12, 2009

O Farol e a Lua


O Farol e a Lua
Upload feito originalmente por luucasb



O farol Cristóvão Pereira foi inaugurado em 1887 em Mostardas, na Lagoa dos Patos, para orientar a navegação entre Porto Alegre e Rio Grande.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Farol_Cristóvão_Pereira

Faróis do Brasil

http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_faróis_do_Brasil

Mais informações sobre navegação na Lagoa dos Patos no site

http://www.popa.com.br/

Localizado na costa leste da Lagoa dos Patos, a meio caminho entre Porto Alegre e Rio Grande, o Farol Cristóvão Pereira está em manutenção. É o mais importante, o mais alto e o mais antigo da Lagoa dos Patos.

Lampejo de alívio
Quem já navegou à noite sabe da importância de um farol. O navegante vai seguindo na escuridão, orientado por instrumentos, cartas náuticas e outras informações.

Nada se vê adiante da proa. Quem nunca navegou à noite não faz idéia do que seja isso. É preciso saber confiar nos dados que se tem. Embarcações não usam faróis para iluminar o caminho. Mantém-se acesas as coloridas luzinhas de navegação para que se possa ser visto por outros barcos (verde à dir, encarnada à esq, e branca à ré).

Saindo fora do tema relembro que o Gerd, um velejador alemão, me contou que na travessia da europa pra cá ouvia ruídos à noite como se fosse alguém atirando beijos da escuridão. Depois de achar que havia enlouquecido, descobriu que haviam golfinhos acompanhando o veleiro.

Ao determinar-se que o barco está aproximando-se da área de alcance do farol, fica-se de olho na direção em que se presume que esteja, esperando-se a qualquer momento ver a piscada da luz na escuridão. O primeiro lampejo nem sempre nos convence. É preciso ver mais alguns para ter a certeza de que não se está vendo apenas o que se deseja ver.

Mesmo com todos os atuais apetrechos tecnológicos, a luz de um farol é a confirmação mais segura do rumo seguido. É a que traz mais alívio. Não há tela de radar nem GPS que proporcione a enorme satisfação de se enxergar a primeira tênue piscada do farol ainda lá longe. É algo real. Está ali, indiscutivelmente, isto é, não tem bits nem bytes no meio, nem regulagem de ganho de radar, nem a geometria dos satélites do GPS a considerar.
Tá lá ele!!! Ali ó... Espera... Ali!

"84 moirôes de lay"
O mal estado de conservação do farol Cristóvão Pereira vinha sendo objeto da preocupação do meio náutico gaúcho, especialmente de navegadores da Lagoa dos Patos, como Emílio Opitz, de Tapes, que enviou ao site essas photographias do farol, do ano de 1.950.

O Farol Cristóvão Pereira foi construído na mesma época que o da Ponta Alegre, na L. Mirim, e Bujuru, na L. Patos. Segundo o Comandante Carlos Altmayer Gonçalves, o Manotaço, do Veleiros do Sul, o ano de início das obras do farol é 1858. "Em 1859 a torre já estava pronta, e tudo indica que tenha começado a operar em 1886", diz Manotaço, um pesquisador da história da navegação por estas bandas.
Vejam só a pérola que este comandante deu-se ao trabalho de enviar aos visitantes do popa:

"....escavou-se o terreno à uma profundidade a encontrar bastante água, estacou-se com 84 moirôes de lay toda a superfície, sobre os quaes engradou-se com vigas de ley na distância de tres palmos de uma a outra, e depois de incavilhadas encheu-se os entrevallos de pedra secca bem calcada: sobre este engradamento levantou-se a sapata de pedra e cal até 10 palmos, e sobre esta levantarão se as paredes da torre e as das meios águas seguindo sempre com a planta em vista. Acha-se presente esta obra com os arcos fechados do 2º pavimento e a receber o respectivo madeiramento, e a 45 palmos de altura acima do terreno...."
(Correspondência do intendente do estado para o vice-rei no Rio de Janeiro, no seu relatório de atividades de 9/março/1859; 1 palmo = 21cm)

Abrigo seguro
Conforme o Cmte Geraldo Knippling (VDS), autor de livros sobre a navegação no Guaíba e Lagoa dos Patos, em 1.992 o farol sofreu reforma que o desfigurou. Janelas foram fechadas com alvenaria e seus 30m de altura foram caiados de fora a fora. "Uma viagem de Rio Grande a Porto Alegre levava dias, muitos deles parados, à espera de ventos favoráveis. Os fundeadouros de Bojuru e Cristóvão Pereira eram um abrigo seguro..." escreveu o autor de "O Guaíba e a Lagoa dos Patos". O livro fornece carta para acesso e preciosas informações sobre ventos, e para fundeio nas cercanias do farol.

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A casa do faroleiro não existe mais, tendo a operação sido automatizada. As embarcações à vela que transportavam mercadorias e se refugiavam junto ao farol também se foram, mas o farol não deixou de ser importante para a navegação, nem tampouco para a história da navegação no Rio Grande do Sul.

Danilo Chagas Ribeiro


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